Para cada voo sempre haverá uma queda.
The King's Bird é um jogo de ação e plataforma lançado no ano de 2018. Sua proposta é de dar ao jogador as ferramentas para que, pasmem, sintam-se livres como um pássaro para voar em seus belos cenários e movimentar-se como necessário. Será que isso termina bem? Vou voar voar, subir subir ir por onde for? Ou vou descer até o céu caí ou mudar de cor? Uma coisa eu garanto, vou continuar falando de voar.
Assim que começamos o jogo, somos lançados em um ambiente para voar livremente, um lindo céu azul e infinito. É o primeiro contato que temos com uma mecânica logo de cara, somos apresentados à física de voo e como ela funciona. Após alguns minutos, o sonho acaba e acordamos numa vila. Não podemos mais voar, nossas asas já não existem. Nesta vila somos apresentados às outras mecânicas do jogo. Deslizar, um avanço, pular entre paredes. Tudo isso apresentado em um ambiente seguro onde não há penalidades para errar. Uma ótima forma de apresentar o mundo ao novo jogador.
Explorando essa vila, percebemos que estamos presos ali, como aves em uma gaiola. Quando o jogador naturalmente explorar todo o cenário, a história prosseguirá e após alguns eventos, a habilidade de voar por um intervalo limitado se torna disponível. Fugimos então por uma floresta, encontramos os primeiros obstáculos, geralmente espinhos ou buracos sem fundo.A movimentação é natural e falhar tem uma mínima penalidade.
Então finalmente chegamos em um ponto em que podemos selecionar fases. Sim, até aqui tudo era um grande tutorial. Toda essa pequena viagem foi para te ensinar o que se pode ou não fazer, como aproveitar os impulsos e manter uma velocidade para realizar movimentos. Finalmente chegamos no núcleo que são as diferentes, mas nem tanto, fases. Temos ao todo 4 reinos, em que três deles temos pequenos templos que nos transportam para outra tela onde temos quatro fases para visitar. Para passar de um reino para o outro, é necessário um número de fases completadas, mas nada muito longo.
As fases são visualmente parecidas, mudando a cor ou um cenário de fundo diferente. Tende a se repetir mas não julguei isso como um problema. O foco é muito maior nas manobras que realizei para vencê-las. No começo é bem simples onde ainda estamos aprendendo e nos acostumando, mas já não há mais dicas como antes. Dentro destas fases tem a minha primeira e maior frustração: os passarinhos brilhantes colecionáveis (daqui pra frente chamados de PBC).
Os PBC me deram uma raiva no começo do jogo. eles estão lá no meio da fase e não há nenhuma obrigatoriedade em pegá-los para prosseguir, mas claro que eu fui tentar sempre pegar todos. Isso foi uma forma estranha de masoquismo, já que por causa deles, uma fase de 2 minutos durava de 5 até 8 minutos. Finalmente eu me dei conta de que, sem eles, minha jornada seria melhor. E realmente foi.
Quando parei de coletar os PBC, comecei a aproveitar bem mais o jogo e os obstáculos que tive foi de não saber utilizar as mecânicas e física do jogo em meu favor. Uma fase, eu passei 15 minutos sofrendo pois eu tentava fazer a mesma coisa do mesmo jeito de novo e de novo. Eventualmente minha burrice prevaleceu a lógica e consegui passar a fase. Foi nesse momento que vi os recordes da fase que são disponíveis para todas e podem ser vistos a qualquer momento. A realidade então bateu na minha cara e mostrou o que eu fiz de errado, levando assim o conhecimento pro futuro. Melhorei bastante a minha visão do jogo neste momento.
The King's Bird quer que você, em grande parte das ocasiões, alcance uma alta velocidade em seus movimentos, conseguido através de impulsos e/ou da gravidade. Em cada parede que você toca, você pode acelerar, e mantendo um bom ritmo as fases passam....voando. Para isso é bom ter controle dos movimentos, principalmente do voo.
Enquanto em áreas com espaço suficiente, The King's Bird se torna uma experiência prazerosa. O controle funciona bem e há espaço para manejar o voo de forma a alcançar as plataformas que se deseja. Ser capaz de dominar uma fase, aceleradamente enquanto planamos pelo ar ou mergulhamos como um míssil, conseguem trazer essa sensação de ser um pássaro.
Contudo, quando ele exige espaços mais apertados, se torna uma experiência mais frustrante.Ao avançar no jogo chegamos num ponto em que as ações têm que ser meticulosamente planejadas....e isso acaba com as partes finais. Rápida movimentação em alta velocidade em locais apertados, momentos para tirar o pé do acelerador, onde o jogo fez justamente o contrário na maior parte do jogo até então. Tornam os últimos momentos bem desgostosos. O que antes tinha uma abertura para a criatividade do jogador, virou algo rígido.
O ponto melhor executado foram os gráficos. Os cenários são focados em ser construídos por linhas retas que dão uma cara própria para o jogo. Ele trabalha com cores e simples e diversas camadas de plano de fundo, passando a sensação de quão grande o mundo é. A trilha sonora acompanha muito bem essa sensação de se maravilhar com o mundo, com uma melodia bonita e alguns vocais, mas sem nada dito. Só sofre um pouco por se repetir bastante entre uma fase e outra.
The King's Bird me divide bastante no que eu acho dele. Quando funciona, é um jogo maravilhoso e bonito e a ação se torna fluida de acordo com o que eu quero executar. Agora quando ele quer exigir de mim uma técnica que o próprio jogo me oferece da forma contrária no resto de seu tempo, se torna maçante, frustrante. Recomendo comprar em alguma promoção,SE for comprar. Não é um jogo quebrado nem nada...mas no fim das contas me deixou um gostinho amargo na boca.
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