Terror Cósmico...Terror Cômico...Cômico Cósmico?Só sei que tem vários Chulhu.
Como fazer um jogo de navinha, com a tela progredindo na vertical que seja diferente o suficiente para se destacar e ao mesmo tempo se manter nos padrões de gênero? O pessoal da Panda Indie Studio encontrou seu próprio caminho, mesmo que este os tenha levado para as profundezas de um abismo lovecraftiano.
Project StarShip X é uma sequência/ edição melhorada do primeiro jogo lançado pelo estúdio, no ano de 2016. O mais antigo realmente já envelheceu bastante, então nada mais justo que uma repaginada total, das mecânicas, da própria identidade, visuais e trilha sonora.
O jogo conta com cinco pilotos, sendo um deles secreto. Cada um deles tem seus atributos, que diferenciam o jogar de cada um. Estes atributos são geralmente poder, velocidade, número de escudos e o tipo de disparo de cada piloto. Garret Zepolla tem um ataque reto, que é mais efetivo contra alvos isolados enquanto Gwen Rossi tem tiros mais abrangentes, mas com menos poder.
Mesmo com essas diferenças, mais importante ainda são os power-ups para incrementar sua nave. Os mais comuns são os de aumentar o poder do tiro e o de recarregar escudos, nesse último se você consegue 4-5 seguidos sem tomar dano, ganha um escudo extra que pode chegar até 10. Enquanto todos os power-ups são úteis, é uma pena que não existam mais e que alguns sejam meio raros de aparecer. Para um jogo que busca se reinventar a cada partida, a peteca acaba caindo nesse quesito.
Você leu corretamente, as fases não são fixas, não vão se repetir como a última vez em que as visitou. No começo do jogo, antes de terminá-lo pela primeira vez (chegarei nesse ponto jajá), você tem uma ordem fixa das fases, mas cada uma com variações de obstáculos dentro de si. Quem jogou qualquer roguelikes e roguelites, já está familiarizado com isso. Jogos como Spelunky, Binding of Isaac e afins já fazem isso há tempos.Quanto mais vezes finalizar, mais ambientes serão desbloqueados e aumenta essa diversificação de rotas ao mesmo tempo que aberta, bem controlada. Você não vai cair em uma fase mais difícil no começo por exemplo, pode ficar tranquilo.
Na maior parte do tempo as fases são "justas", no sentido de você tomar dano por culpa sua e não pela fase.Em algumas eu julgo como exceção, mas deixo aqui abrir o espaço que pode ser apenas eu jogando mal também. Tem algumas ocasiões que não tem como eu me garantir em segurança mesmo. Uma em que eu percebi isso foi durante um "mad event", eventos aleatórios que acontecem no meio das fases. Nesse em particular, meus controles foram invertidos e ainda fui espremido contra 2 lasers instantaneamente. É uma situação rara, mas acontece.
Ao contrário de uma grande parte dos jogos de navinha, PSX é até bastante gentil. Cada personagem tem no mínimo duas oportunidades de tomar dano até morrer, e como já disse, pode ser incrementado com o aumento no número de escudos. Ainda existe também a manobra X, um avanço que te torna invencível por um pouco menos de um segundo, permitindo manobrar para um local mais seguro da tela, apagar tiros inimigos ou trafegar por áreas mais difíceis. Dominar essa manobra é essencial para a sobrevivência no jogo e ao aprender a controlá-la, você tem a vantagem contra tudo que o jogo pode usar contra você. A única mecânica que falha no jogo são as bombas, que limpam a tela dos tiros inimigos, mas são acionadas ao usar a Manobra X duas vezes rapidamente. Muitas vezes as usei errado ou me acidentei tentando usá-las
É importante ressaltar, e isso o jogo faz nas primeiras telas, o risco de convulsão devido às luzes piscantes (E são muitas). Então evite se aventurar caso suspeite que tenha isso. Aproveitando para falar de como o jogo se apresenta: A arte é muito boa , feita em 16-bit, que garante uma enormidade de cores para se trabalhar, e eles realmente aproveitaram disso. O background é simples e não chama atenção demais, como deve ser em um jogo de navinha, já que queremos desviar dos tiros. Os inimigos não têm muitas animações, até mesmo os chefes são bastante rígidos nisso, mas não me incomodou uma vez que as fases são mais dinâmicas, principalmente as mais próximas do fim do jogo.
As fases em questão são bem construídas o suficiente para ter seus obstáculos em certa ordem. Se pensarmos cada obstáculo como um bloco, o jogo remaneja isso de uma forma que fica natural.Além disso, as fases mais avançadas te deixam com o coração na boca, se você estiver com poucos escudos.
Algo que eu acho maravilhoso nesse jogo é como eles conseguem aplicar uma tensão no jogador.Em momentos críticos, a música acelera, seu piloto tá completamente estressado e o controle (se estiver usando um controle de videogame) começa a tremer no ritmo da música e dos impactos.Na maior dificuldade do jogo, seus pilotos ficam literalmente a beira de infartos ao continuar atirando sem parar e tomar dano, isso resulta em falhas na nave, seja não poder atirar ou sequer se mover.Não curti muito, geralmente eu não curto esses modos mais difíceis mesmo.O trabalho que fizeram com a HUD desse jogo ficou fenomenal.
A trilha sonora é inspirada naquelas de jogo 8-Bit, só que muito melhor do que o esperado. Cada tema consegue ser único e familiar ao mesmo tempo.As músicas conseguem dar aquela pitada extra de tempero para a experiência, e aqui está o link para ouvir, e se quiser comprar: acesse!. Esse jogo não seria o mesmo sem essa composição.
De longe uma das minhas melhores experiências com jogos de navinha, o jogo traz toda sua personalidade misturando Hitleres-Zumbis (não existe plural certo pra isso, felizmente) e vários aliens e Cthulhuses. O jogo também traz um humorzinho gaiato e brinca com outros jogos, como uns cogumelos bem familiares. O jogo se leva a sério para executar isso, mas não tanto para se tornar algo rígido, garante aos pilotos e alguns chefões, um visual e apelo meio cartunesco, tornando a experiência completa bastante prazerosa. Alguns tropeços aqui e alí, mas nada que atrapalhe muito. Recomendação fortíssima para quem curte adrenalina ou jogos de nave.
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